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sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

O Peregrino - Cristão chega à cruz e livra-se do fardo

   Em meu sonho vi que a estrada pela qual Cristão havia de seguir murada dos dois lados, e o muro chamava-se Salvação. Por este caminho, portanto, corria o sobrecarregado Cristão, mas não sem grandes dificuldades, por causa do fardo às costas.
   Correu assim até alcançar um local íngrime, no alto do qual erguia-se uma cruz, e pouco abaixo, no vale, um sepulcro. Vi no meu sonho que assim que Cristão chegou à cruz, seu fardo, afrouxando, escorregou pelos seus ombros, caiu-lhe das costas e, tombando, foi descendo até a entrada do sepulcro, onde caiu, e não mais enxerguei.
   Então ficou Cristão alegre e aliviado, e disse de coração exultante:
- Ele me deu repouso, pela sua angústia, e pela vida, e pela morte!

   E ali permaneceu algum tempo, olhando e admirando-se, pois ficara muito surpreso ao perceber que a visão da cruz o aliviava assim do seu fardo. Olhou portanto e olhou novamente, até que as fontes da sua cabeça manassem água, que lhe escorria pelo rosto.
   Estando Cristão a olhar e chorar, eis que três Seres Resplandecentes se aproximaram dele, e o saudaram dizendo: "A paz seja contigo". E o primeiro lhe disse: "Os teus pecados estão perdoados" (Mc 2:5). O segundo o despiu dos farrapos e o vestiu com nova muda de roupas (Zc 3:3-5). O terceiro ainda gravou-lhe um sinal na testa, deu-lhe um rolo com um selo e mandou Cristão observá-lo durante o caminho, devendo entregá-lo durante o caminho, devendo entregá-lo no Portão Celestial. Os três então partiram. Cristão deu três saltos de alegria, e seguiu cantando:

Sobrecarregado de pecados até aqui vim
Nem pude aliviar o pesar, pesar sem fim,
Que até aqui trazia. Ah, lugar ditoso!
Início será de viver venturoso?
Será que aqui o fardo das costas me cairá?
Aqui a amarra que a mim o prende romperá?
Bendita cruz! Bendito sepulcro! Seja exaltado
O Homem que por mim foi humilhado. (enfâse minha)

Cap. 6 O Peregrino - John Bunyan

  Esse é um capítulo da peregrinação de Cristão que merece ser lido e relido várias vezes. "Ah! Bendita cruz! Seja Exaltado o Homem que por mim foi humilhado."
  Eu oro a Deus irmãos, que nesse ano que se inicia, que nós possamos fixar mais e mais nossos olhos na cruz do Senhor Jesus Cristo. Pois a nosso herança é eterna e incorruptível. "E farei com eles uma aliança eterna de não me desviar de fazer-lhes o bem; e porei o meu temor nos seus corações, para que nunca se apartem de mim." Jr 32:40. PARA QUE NUNCA SE APARTEM DE MIM.
  O Senhor é a nossa força. Clamemos pelo poder do Deus vivo! Que Deus abençoe.

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Projeto Spurgeon

domingo, 12 de dezembro de 2010

O que diz o Autor Divino - John MacArthur

   Devemos entender o que Deus revela sobre a completa suficiência da Escritura, deixando que ela determine qual será a nossa filosofia de ministério. Qualquer outra coisa negará a Deus o lugar de soberana autoridade em nossa vida e ministério.
    Paulo salienta a plena suficiência das Escrituras, em 2 Timóteo 3.16, mostrando quatro maneiras segundo as quais Deus testificou que sua Palavra é integralmente adequada para cada necessidade espiritual:
A Escritura ensina a verdade. Primeiramente, a Escritura é útil para o ensino. A palavra grega traduzida por "ensino" (didaskalia) faz uma referência primária ao conteúdo do ensino, em vez de ao processo do ensino. Isto é, a Escritura é o manual da verdade divina, segundo o qual a nossa vida precisa ser governada.
   Todo cristão tem a capacidade espiritual de receber e reagir às Escrituras. Os que não são crentes carecem desta receptividade à verdade bíblica: "O homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente" (1 Co. 2.14). O cristão, ao contrário, tem a "mente de Cristo" (v.16). O Espírito Santo capacita-o a apreender a Palavra de Deus com discernimento, sabedoria e entendimento espiritual. Nenhum cristão carece dessa habilidade; cada um possui, habitando em si, o Espírito Santo como Mestre da verdade (1 Jo. 2.27).
   No sentido prático, nossa santidade é diretamente proporcional ao nosso conhecimento e à nossa subseqüente obediência à Palavra de Deus. O salmista disse: "Guardo no coração as tuas palavras, para não pecar contra Ti" (Sl. 119.11). Quando mais completo é o nosso conhecimento prático da Bíblia, menos susceptíveis somos ao pecado e ao erro. O Senhor afirmou, em Oséias 4.6: " O meu povo está sendo destruído, porque lhe falta o conhecimento". Tendo rejeitado o verdadeiro conhecimento, eles se tornaram incapazes de viver como Deus queria que vivessem. Eles desprezaram intencionalmente a Palavra de Deus; mas, a negligência, assim como a complacência, tem o mesmo efeito destrutivo.
   O melhor meio para se evitar problemas espirituais sérios, portanto, é dedicar-se ao fiel, paciente e completo estudo da Escritura, com um coração obediente; "então, farás prosperar o teu caminho e serás bem-sucedido" (Js. 1.8)
   A Escritura reprova o pecado e o erro. A Escritura também é útil para a repreensão (2 Tm. 3.16). Ela confronta e repreende a má conduta e o falso ensino. De acordo com o Pastor Richard Trench, reprovar é "repreender a outrem com um eficiente brandir do vitorioso braço da verdade, de modo a trazê-lo, se não à confissão, pelo menos a uma convicção de pecado". A Escritura tem este efeito sobre nós, quando a escutamos e sentimos seu poder convencedor, e sobre os outros, quando a expomos a eles.
   Dois aspectos de repreensão são evidentes na Escritura: repreensão da conduta pecaminosa e repreensão do ensino errôneo. Paulo instruiu a Timóteo, que estava tentando purificar a igreja em Éfeso: "Prega a palavra, insta, quer seja oportuno, quer não, corrige, repreende, exorta com toda a longanimidade e doutrina" (2 Tm. 4.2). O propósito primário que ele tinha em mente era a repreensão da conduta pecaminosa. Timóteo deveria pregar e aplicar a Escritura de modo que as pessoas deixassem o pecado e andassem em santidade, mesmo estando por vir o tempo quando a maioria das pessoas não toleraria tal pregação (v.3). 
   Hebreus 4.12-13 também fala de repreender a conduta pecaminosa. O versículo 12 retrata a Palavra de Deus como uma espada de dois gumes que corta penetrando o ser da pessoa, para expor e julgar seus pensamentos e motivações mais íntimos. O v.13 diz: "Não há criatura que não seja manifesta na sua presença; pelo contrário, todas as coisas estão descobertas e patentes aos olhos daquele a quem temos de prestar contar". Deus penetra nosso coração com sua Palavra e nos deixa descobertos diante de seus olhos.
   A palavra grega traduzida por "descobertas", nesse versículo, era usada para referir-se a criminosos sendo levados ao tribunal ou para execução. Frequentemente um soldado segurava a ponta de um punhal sob o queixo do criminoso para forçá-lo a erguer a cabeça para que todos pudessem ver quem ele era. De modo semelhante, a Escritura nos expõe o que realmente somos e nos força a encarar a realidade do nosso pecado.
   Talvez você tenha tido períodos em que caiu em complacência espiritual e sentiu-se contente com seu pecado; então, lhe aconteceu de a Palavra de Deus penetrar seu coração, com convicção espantosa. Este é o poder repreendedor da Escritura, e é uma bênção preciosa.
   Uma boa forma de assegurar que nossas igrejas não se tornem refúgios para pecadores obstinados é os pastores pregarem a Palavra fielmente e com exatidão. Os crentes serão convencidos de seus pecados, e a maioria dos incrédulos ou se arrependerá, ou sairá. Poucas pessoas aceitarão expor-se à repreensão da Palavra de Deus, semana após semana, se não desejam a santidade. Jesus disse que os ímpios odeiam a luz e não se aproximam dela para que seus feitos não sejam manifestos (Jo. 3.20). Fazer incrédulos e ímpios se sentirem bem acolhidos e confortáveis na igreja, por meio de uma pregação insípida e superficial e que não os confronta, leva-os a ter uma falsa segurança, baseada em sua presença, participação, sentimentos religiosos e aceitação. Isso pode ser uma ilusão condenatória.(ênfase minha).
   A Escritura, como o padrão pelo qual devem ser testadas todas as coisas que alegam ser verdade, também reprova o ensino errôneo. O apostólo João revela o poder da Palavra como verdade, quando diz que os crentes que vencem o Maligno o fazem porque são "fortes, e a palavra de Deus permanece" neles (1Jo. 2.14). O Maligno, Satanás, trabalha utilizando-se de falsa religião (2 Co. 11.14), mas é ineficaz com os que são fortes na Palavra. Por isso as seitas tentam desacreditar, distorcer ou suplantar a Escritura com seus próprios escritos. Visto que a Bíblia mostra a realidade dos erros das seitas, elas precisam mudar o significado da Escritura, para justificarem a si mesmas. Porém, aqueles que falsificam a Escritura o fazem para sua própria "destruição" (2 Pe. 3.16).
    Crentes que têm um amplo entendimento da veracidade bíblica não são como crianças sem discernimento, mas são como jovens fortes que podem facilmente reconhecer a falsa doutrina, evitando ser "como meninos, agitados de um lado para o outro e levados ao redor por todo vento de doutrina, pela artimanha dos homens, pela astúcia com que induzem ao erro" (Ef. 4.14).
    A Escritura corrige o comportamento. A Escritura também é útil para a correção (2 Tm. 3.16). Ela não apenas relava o comportamento pecaminoso e o ensino errôneo como também os corrige. A palavra grega traduzida por "correção" (epanorthõsis) literalmente significa "endireitar" ou "erguer". Em outras palavras, a Escritura nos restaura a uma correta postura espiritual.
   Frequentemente experimento isso; e você? A Escritura atinge profundamente meu coração e traz convicção, mas depois ela dá instrução para que eu possa corrigir o meu pecado. Ela não me deixa espiritualmente encalhado. Enquanto deixamos a Palavra habitar ricamente em nós (Cl. 3.16), ela nos edifica (At. 20.32) e transforma nossas fraquezas em forças. 
   Existe um aspecto purificador no poder corretivo da Bíblia. Jesus disse: "Vós já estais limpos pela palavra que vos tenho falado" (Jo. 15.3). Nenhum método de terapia, concebido pelos homens, ou nenhum programa já inventado por qualquer perito pode ter esse efeito corretivo e purificador. Mas todo crente já o experimentou. Está é mais uma evidência da perfeita suficiência dos recursos que herdamos em Cristo.
   A Escritura educa na justiça. "Educaçao na justiça" (2 Tm.3.16) é outro processo pelo qual a Palavra de Deus transforma nosso pensamento e nosso comportamento. 
   A palavra grega traduzida por "educação" é (paideion). Esta palavra pertence à família de paidion, que, em outros lugares do Novo Testamento, se traduz por "criança" ou "crianças" ( por exemplo, Mt. 14.21; Mc. 5.39). Assim, este versículo mostra Deus treinando os crentes como um pai ou um professor treinaria uma criança. Desde a infância espiritual até à maturidade espiritual, a Escritura treina e educa os crentes no viver santo.
   A Escritura é o alimento espiritual. Paulo instruiu Timóteo a ser "alimentado com as palavras da fé e da boa doutrina" (1 Tm.4.6). Jesus disse: "Não só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus" (Mt. 4.4). Pedro disse que deveríamos desejar o alimento da Palavra, com a mesma intensidade do desejo de um bebê pelo nutrimento do leite (1 Pe. 2.2).
   Tiago afirmou: "Despojando-vos de toda impureza e acúmulo de maldade, acolhei, com mansidão, a palavra em vós implantada" (Tg. 1.21 - ênfase minha). Esta é a nossa parte. Devemos receber a Palavra com um coração puro e uma atitude humilde. Enquanto o fazemos, ela progressivamente renova e transforma nosso pensamento, nossa atitude, ações e palavras, treinando-nos na justiça.
   Meditação frequente e estudo criterioso da Palavra de Deus são essencias para a saúde espiritual e para a vitória. Até mesmo aqueles que conhecem bem a Bíblia devem refrescar-se no seu poder e relembrar as suas verdades. Foi isso que levou Pedro a escrever:

   Por isso não deixarei de exortar-vos sempre acerca destas coisas, ainda que bem as saibais, e estejais confirmados na presente verdade. E tenho por justo, enquanto estiver neste tabernáculo, despertar-vos com admoestações, sabendo que brevemente hei de deixar este meu tabernáculo, como também nosso Senhor Jesus Cristo já mo tem revelado. Mas também eu procurarei em toda a ocasião que depois da minha morte tenhais lembrança destas coisas. (2 Pe. 1.12-15)

   Paulo, ao partir de Éfeso, ordenou aos anciãos que permanecessem fiéis à única fonte de força e saúde espiritual: "Agora, pois, encomendo-vos ao Senhor e à palavra da sua graça, que tem poder para vos edificar e dar herança entre todos os que são santificados" (At. 20.32).
   Paulo compartilhou da perspectiva de Pedro sobre a importância de sermos constantemente lembrados do que já sabemos: "Quanto ao mais, irmãos meus, alegrai-vos no Senhor. A mim, não me desgosta, e é segurança para vós outros que eu escreva as mesmas coisas" (Fp. 3.1). Devemos sistematicamente nos refrescar não somente com novas verdades, mas também com antigas verdades que já conhecemos bem. Esse tipo de intensa concentração na Palavra de Deus nos assegura que seremos perfeitamente habilitados "para toda boa obra" (2 Tm. 3.17). 

Fonte: Nossa Suficiência em Cristo, John MacArthur, pp 112-118, Editora Fiel.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

O Ensino de Jesus. Mt 7.29


   Jesus é o Filho de Deus encarnado, e seu ensinamento, dado a Ele por seu Pai permanecerá para sempre (Mc 13.31) e finalmente julgará seus ouvintes (Mt 7.24-47; Jo 12.48). A importância de se prestar atenção ao seu ensinamento  nunca é suficientemente enfatizada.  Jesus ensinou como geralmente ensinavam os rabinos judeus, por meio de ditos breves, ao invés de extensos discursos, e muitos de seus mais importantes ditos são constituídos de parábolas, provérbios e pronunciamentos isolados, respondendo a perguntas e reagindo a situações. Todo o seu ensino público foi marcado por uma autoridade que provocava assombro, mas alguns de seus ensinos eram enigmáticos, exigindo raciocínio e intuição espiritual ("ouvidos para ouvir"), desconsertando o ouvinte enfatuado e ocasional. A razão de Jesus para ensinar tão enigmaticamente a respeito do seu papel messiânico, da sua expiação, ressurreição e Reino futuro era, em parte, porque só esses acontecimentos poderiam tornar as coisas mais claras e, em parte, porque Ele estava chamando as pessoas para serem seus discípulos através do seu impacto pessoa sobre elas para, em seguida, ensinar-lhes a respeito de si mesmo dentro desse relacionamento, ao invés de oferecer detalhadas instruções teológicas aos não comprometidos (Mt 11.25-27; Mc 4.11,12). Porém, as afirmações de Jesus são, frequentemente, claras, e muitas das apresentações mais detalhadas nas cartas do Novo Testamento são melhor interpretadas como expanção e explicações daquilo que Jesus disse.
   O ensino de Jesus tinha três pontos regulares de referência. O primeiro era o seu Pai divino, que o tinha enviado e o dirigia, e com quem os seus discípulos precisavam aprender a relacionar-se como seu Pai no céu. O segundo era o povo, tanto indivíduos como grupos, recipientes de suas constantes e multifacetadas chamadas ao arrependimento e à nova vida. O terceiro era Ele mesmo, como Filho do Homem e o Messias de Israel.
   Do testemunho de Jesus a respeito do Pai, das pessoas em suas necessidades e de seu próprio papel messiânico, emergem três temas teológicos:
1. O Reino de Deus. Esse "Reino" é a realidade que veio com Jesus, como cumprimento do plano de Deus para a história, do qual os profetas do AT falaram com frequencia. O Reino está presente com Jesus, e seus milagres são sinais desse Reino. O Reino toma conta da vida de uma pessoa, quando ela ou ele se submete, em fé, ao senhorio de Cristo, solene compromisso que traz salvação e vida eterna. O Reino será pregado e crescerá até que o Filho do Homem - agora reinando no céu - volte para reunir seus eleitos de todos os cantos do mundo.
2. A obra salvífica de Jesus. Tendo descido do céu, segundo a vontade do Pai, para levar à glória os pecadores escolhidos, Jesus morreu por eles, chama-os e os traz para si mesmo, perdoa seus pecados e preserva-os seguros até o dia da ressurreição.
3. A ética da família de Deus. A nova vida é dada aos pecadores como um dom da livre graça de Deus e deve expressar-se num novo estilo de vida. Os que receberam a graça devem ser agradecidos; os que são grandemente amados precisam mostrar grande amor aos outros; os que vivem porque são perdoados devem, eles mesmos, perdoar; os que conhecem a Deus como seu amoroso Pai Celestial, devem aceitar sua providência sem amargura, honrando-o todo o tempo, confiando em seu cuidado protetor. Em resumo, os filhos de Deus devem ser como seu Pai e seu Salvador e ser completamente diferentes do mundo.
Nota: Estudo extraído da "Bíblia de Estudos de Genebra", pág. 1111, Editora Cultura Cristã.